segunda-feira, 28 de março de 2011

EDUCAÇÃO: Um dever do estado?

Leiam o desabafo de um empresário Gaúcho publicado na revista EXAME:

São Leopoldo tem um dos menores índices de analfabetismo e de mendicância do país

"Acabo de descobrir mais um desses absurdos que só servem para atrasar a vida das pessoas que tocam e fazem este país: investir em Educação é contra a lei . Vocês não acreditam? Minha empresa, a Geremia, tem 25 anos e fabrica equipamentos para extração de petróleo, um ramo que exige tecnologia de ponta e muita pesquisa. Disputamos cada pedacinho do mercado com países fortes, como os Estados Unidos e o Canadá. Só dá para ser competitivo se eu tiver pessoas qualificadas trabalhando comigo.

Com essa preocupação criei, em 1988, um programa que custeia a educação em todos os níveis para qualquer funcionário, seja ele um varredor ou um técnico. Este ano, um fiscal do INSS visitou a nossa empresa e entendeu que Educação é Salário Indireto. Exigiu o recolhimento da contribuição social sobre os valores que pagamos aos estabelecimentos de ensino freqüentados por nossos funcionários, acrescidos de juros de mora e multa pelo não recolhimento ao INSS.

Tenho que pagar 26 mil reais à Previdência por promover a educação dos meus funcionários? Eu honestamente acho que não. Por isso recorri à Justiça. Não é pelo valor em si , é porque acho essa tributação um atentado. Estou revoltado. Vou continuar não recolhendo um centavo ao INSS, mesmo que eu seja multado 1000 vezes.

O Estado brasileiro está completamente falido. Mais da metade das crianças que iniciam a 1ª série não conclui o ciclo básico. A Constituição diz que educação é direito do cidadão e um dever do Estado. E quem é o Estado? Somos todos nós. Se a União não tem recursos e eu tenho, acho que devo pagar a escola dos meus funcionários. Tudo bem, não estou cobrando nada do Estado. Mas também não aceito que o Estado me penalize por fazer o que ele não faz.

Se essa moda pega, empresas que proporcionam cada vez mais benefícios vão recuar..

Não temos mais tempo a perder. As leis retrógradas, ultrapassadas e em total descompasso com a realidade devem ser revogadas. A legislação e a mentalidade dos nossos homens públicos devem adequar-se aos novos tempos. Por favor, deixem quem está fazendo alguma coisa trabalhar em paz. E vão cobrar de quem desvia dinheiro, de quem sonega impostos, de quem rouba a Previdência, de quem contrata mão-de-obra fria, sem registro algum.

Eu Sou filho de família pobre, de pequenos agricultores, e não tive muito estudo. Somente consequi completar o 1º grau aos 22 anos e, com dinheiro ganho no meu primeiro emprego, numa indústria de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, paguei uma escola técnica de eletromecânica. Cheguei a fazer vestibular e entrar na faculdade, mas nunca terminei o curso de Engenharia Mecânica por falta de tempo. Eu precisava fazer minha empresa crescer. Até hoje me emociono quando vejo alguém se formar. Quis fazer com meus empregados o que gostaria que tivessem feito comigo.

A cada ano cresce o valor que invisto em educação porque muitos funcionários já estão chegando à Universidade. O fiscal do INSS acredita que estou sujeito a ações judiciais. Segundo ele, algum empregado que não receba os valores para educação poderá reclamar uma equiparação salarial com o colega que recebe. Nunca, desde que existe o programa, um funcionário meu entrou na Justiça. Todos sabem que estudar é uma opção daqueles que têm vontade de crescer... E quem tem esse sonho pode realizá-lo porque a empresa oferece essa oportunidade. O empregado pode estudar o que quiser, mesmo que seja Filosofia, que não teria qualquer aproveitamento prático na nossa Empresa Geremia. No mínimo, ele trabalhará mais feliz.

Meu sonho de consumo sempre foi uma Mercedes-Benz. Adiei sua realização várias vezes porque, como cidadão consciente do meu dever social, quis usar meu dinheiro para fazer alguma coisa pelos meus 280 empregados. Com os valores que gastei no ano passado na educação deles, eu poderia ter comprado Duas Mercedes. Teria mandado dinheiro para fora do País e não estaria me incomodando com essas leis absurdas . Mas infelizmente não consigo fazer isso. Eu sou um teimoso. No momento em que o modelo de Estado que faz tudo está sendo questionado, cabe uma outra pergunta. Quem vai fazer no seu lugar? Até agora, tem sido a iniciativa privada.

Não conheço, felizmente, muitas empresas que tenham recebido o mesmo tratamento que a Geremia recebeu da Previdência por fazer o que é dever do Estado. As que foram punidas preferiram se calar e, simplesmente, abandonar seus programas educacionais. Com esse alerta temo desestimular os que ainda não pagam os estudos de seus funcionários.Não é o meu objetivo. Eu, pelo menos, continuarei ousando ser empresário, a despeito de eventuais crises, e não vou parar de investir no meu patrimônio mais precioso: as pessoas.

Eu sou mesmo teimoso!...Não tem jeito.. É lamentavel , mas infelizmente é verdade...( Silvino Geremia, empresário em São Leopoldo,Estado do Rio Grande do Sul).

quarta-feira, 16 de março de 2011

INOVAÇÃO

No Rio de Janeiro, uma rede de venda de legumes, verduras e frutas - HORTIFRUTI, há 2 anos inovou em suas propagandas, criando uma série baseada em títulos de filmes onde os atores principais são os próprios produtos da loja.
Os cariocas ficavam na expectativa da próxima propaganda, que era sempre estampada em um outdoor no Centro do RJ... e o lançamento sempre as segundas-feiras.

















sexta-feira, 11 de março de 2011

Japão, exemplo de nação

Nas primeiras horas da manhã de hoje (no horário oficial de Brasília), um forte terremoto de 8,9 graus na escala Richter, seguido por um tsunami com ondas de até 10m de altura atingiu o Japão, deixando centenas de mortos (até agora), milhões de desabrigados e várias partes do país sem energia elétrica. Trata-se de uma das maiores catástrofes naturais a atingir o país nos últimos anos, consequentemente causando grandes danos e prejuízos à economia e ao povo japonês. Do outro lado do mundo, chuvas fortes assolam a cidade de São Lourenço do Sul, na região sul do Rio Grande do Sul, deixando oito mortos e derrubando uma ponte na BR-116 que liga a região à capital do estado, Porto Alegre. Chuvas do mesmo tipo têm atingido também Santa Catarina e outros três estados brasileiros, além do desastre que atingiu a região serrana do estado do Rio de Janeiro no início do ano.

Embora ambos os países tenham sofrido de desastres naturais, males cada vez mais frequentes e destrutivos, não há dúvidas de que o dano e o sofrimento impostos ao Japão são muito maiores que aqueles sofridos pelo Brasil. Entretanto, há outro fato, muito mais curioso, a ser observado nesta comparação. Não é necessário extenso estudo para se imaginar que o Japão se recuperará muito mais rápido (e melhor) de sua destruição que o Brasil de sua própria. Embora a comunidade internacional esteja comovida e ávida a ajudar o povo japonês, tenho quase certeza que os japoneses reconstruirão seu país muito antes de nós, brasileiros, reconstruirmos a região serrana do Rio. A que se deve este abismo?

Diferentemente do que se pense talvez, não se trata de uma questão de riqueza e/ou pobreza, visto que tanto Japão quanto Brasil se encontram entre as dez maiores economias do mundo. O que separa nós, brasileiros, dos japoneses é muito mais que aparência física, língua e território. Talvez a maior de todas as diferenças entre nossos dois povos seja um fator considerado muito mais subjetivo e difícil de avaliar: a moral nacional!

Nosso país é conhecido como país do carnaval, do samba e do futebol. Já a Terra do Sol Nascente é conhecida como a terra dos samurais, considerados os guerreiros mais sofisticados e eficazes da história humana. Os japoneses são conhecidos pelo seu alto senso de honra, a qual eles valorizam acima da própria vida. Nós, por darmos um jeitinho" em tudo e por nossa "esperteza" e malandragem. Talvez seja isso que explique como um país minúsculo, no qual há pouquíssimos recursos naturais (mal há terra para agricultura) e atingido constantemente pelas mais duras catástrofes naturais seja uma das nações mais poderosas e respeitadas no mundo enquanto nós, que detemos o quinto maior território do globo e temos recursos e mão-de-obra à vontade, sejamos, no máximo, uma potência média, um "aspirante" a ator global.

Dizem que os seres humanos são moldados por suas circunstâncias, que aqueles que enfrentam duras condições de vida tornam-se rígidos e determinados enquanto que aqueles que desfrutam da bonança tornam-se complacentes e indolentes. Aparentemente esta é uma explicação razoável para explicar a diferença (absurda) entre nós e nossos colegas japoneses. Basta observar a maneira como ambos os povos encaram as mesmas situações. No Japão, políticos acusados (não estou nem falando dos culpados) de corrupção cometem suicídio para manter a honra e o nome da família. Já em nosso país, como sabemos bem, o sujeito em questão no máximo renuncia a seu mandato apenas para voltar triufante na eleição seguinte com o voto do povo. Resta alguma dúvida?

Em suma, é isto que nos diferencia do povo japonês: nossa moral. Enquanto eles figuram entre as três maiores economias do globo já a quase 30 anos, muitas vezes rivalizando com os EUA, mesmo após terem sido completamente destruídos na Segunda Guerra Mundial, nós até anos atrás éramos vistos como país subdesenvolvido, pobre e atrasado. Se quisermos ser um país importante e próspero neste mundo, devemos seguir o exemplo do Japão, cujo povo é conhecido por sua determinação, coragem, honra e persistência, e não pela malandragem e pela arte de tirar vantagem dos outros e se aproveitar das brechas na lei.

(Luiz Gustavo Aversa Franco Brasília, DF - 11 de março de 2011 ESPAÇO LIVRE - http://espacolivreguga.blogspot.com/)