segunda-feira, 28 de maio de 2012


Junior Cigano foi muito além de manter o cinturão. Se vingou de Frank Mir como um samurai. Honrou seu mestre Minotauro e o MMA. Enquanto a TV Globo enganou os fãs do UFC…

Junior Cigano foi um digno campeão.
Não só pelo espetacular nocaute sobre Frank Mir.
Mas pela postura, atitude.
Em Las Vegas ontem, o brasileiro poderia humilhar o americano.
Mir quebrou de propósito o braço do homem que mudou sua vida.
Sem Minotauro, dificilmente Cigano deixaria de ser garçom.
Seu sensacional potencial para a luta seria desperdiçado.
Nunca teria Luiz Dórea como seu treinador para aproveitar o instinto
natural para o boxe.
Nem estaria recebendo luvas milionárias como campeão mundial dos
pesos pesados do UFC.
Cigano tinha o microfone e o sangue de Frank Mir nas mãos.
No octógno, atordoado, humilhado, o americano esperava pela vingança.
O pupilo de Minotauro o iria ridicularizar perante o mundo.
Poderia.
Mas se mostrou um homem digno.
A sua vingança para a absurda atitude de Mir foi dada na luta.
Com jabs e diretos.
Cada vez que seus socos entravam na lenta guarda do adversário era uma
 revanche.
Foram oito minutos e quatro segundos de um massacre sereno.
Cigano não permitiu que Mir usasse por uma vez sequer o seu aprimorado
jiu-jitsu.
Foram patéticas as tentativas.
Cada vez que tentava se aproximar, Mir recebia uma saraivada de soco.
Desesperado, buscou se agarrar ao calcanhar de Cigano, em um triste
mergulho.
Mas foi repelido, ficou no chão e ainda mais humilhado.
Os golpes atingiam também grande parte da plateia em Las Vegas.
Os americanos comemoravam o Memorial Day.
Toda última segunda-feira de maio eles relembram os compatriotas
 mortos em combate.
Mas Mir não deu nenhum motivo para orgulho.
Não quebrando o braço de um oponente de propósito.
E muito menos ontem com suas quedas patéticas.
Mir foi castigado de uma maneira maior do que quando perdeu o
cinturão para Brock Lesnar.
O ex-campeão foi fulminante.
Cigano, não.
Foram oito minutos e quatro segundos de castigo.
Arte marcial, principalmente UFC, é uma competição dura, violenta.
Mais assustadora do que realmente é.
O sangue, batizado de suor vermelho, quando vem é de cortes
superficiais.
Principalmente no supercílios.
Situação também corriqueira no boxe, com seus 15 assaltos.
O MMA tem três assaltos.
Na disputa de título, cinco.
É um duelo brutal, mas com regras.
E principalmente de conduta.
Há um código de honra entre os lutadores.
Ainda mais entre os de altíssimo nível, ídolos para milhões de
 pessoas.
Quando Mir quebrou o braço de Minotauro de propósito rasgou
 esse código.
Não pensou nas consequências.
Mas o destino colocou o pupilo para vingar o mestre.
Junior Cigano aplicou o castigo da pior maneira.
Humilhando, arrasando o americano pelo inaceitável desrespeito.
Ficar estatelado, desnorteado aos três minutos e quatro
segundos do segundo round foi o preço.
As câmeras mostraram para o mundo o preço da sua estupidez.
Quando Joe Rogan lhe perguntou sobre Minotauro e Mir,
o brasileiro foi um samurai.
Disse que o problema tinha sido entre os dois e que entre os
dois ficaria.
Todos sabiam que não era verdade o que havia dito.
Mas não quis tirar vantagem do americano com o rosto inchado
 e cortado.
Cigano é o legítimo campeão dos pesos-pesados do UFC.
Mereceu com seu boxe espetacular manter o cinturão.
Mas o que ficou foi a lição de vida que passou.
Junior resgatou a lealdade no MMA de elite.
Não se quebra o braço de alguém completamente travado por
uma kimura.
A chave de braço bem colocada por um especialista já é fatal.
Os lutadores do MMA sabem o que ele fez.
E pagou por isso.
Mais desleal quanto Frank Mir só a TV Globo.
A emissora carioca teve a coragem de enganar os fãs do MMA.
Mostrou a luta, com o narrador garantindo estar ao vivo.
Só que ela já havia acabado há 35 minutos.
Os fãs do UFC foram traídos.
Foi uma atitude vergonhosa.
Faltou lealdade.
Garantir que o evento acontecia ao vivo foi ultrajante.
Uma postura que marcou uma estúpida manipulação.
Tratou o telespectador como um idiota.
Canais a cabo da própria emissora mostraram a luta ao vivo.
Além da Internet.
Para completar o desrespeito ao esporte, Minotauro foi o
comentarista.
Foi ele que, sem querer, legitimou o absurdo.
E que acabou com a alegria da sua noite ao ver o seu amado
 pupilo se vingar de Mir.

Atitude desleal da emissora com os fãs de MMA de todo um país ...
fonte: R7 - Cosme Rímoli em http://bit.ly/MTHcxx